Pular para o conteúdo principal

Nos querem todos mortos

nos querem todos mortos
uns mais 
outros mais ainda
eu mesmo fingi minha morte 
foram quatro vezes essa semana
como um orgasmo 
que me livra do extermínio 
ao menos por enquanto
um breve descanso
mas amanhã também é dia
nos querem todos mortos
uns mais 
outros mais ainda 
preciso organizar a pasta que fica
esvaziar a gaveta comprometedora 
deixar os boletos vencidos na geladeira 
que paguem a conta
eu já pago caro
quando viver é ofensa
quando respirar é privilégio
quando soltar os cachorros é proteção
quando prendê-los é sobrevivência
nos querem todos mortos
uns mais
outros mais ainda
não estou chorando 
só está chovendo 


Dio





Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

cores irrenunciáveis

outra Nuvem vaza em movimento  vida que cresce entre raios  legiões a serviço de sei-lá-o-quê portas abertas são bem frequentadas  olhares assustados discordam  bombardeios na cabeça  padrões patrões  o ácido tudo vê  os primeiros passos são grandiosos  como um bolo de aniversário  pessoas reunidas em mais de três  rascunhos e perspectivas caem nas mãos  os dias padecem longos  cabem o futuro e o arcaico o ofício e a festa a mistura bagunça as unidades  invade e fala o comício de alguma coisa  a pergunta na sala de estar  simples e direta ao fim  poção mágica com bruxas sereias  batucadas de indígenas anjos  vício visceral vil  nos fundos do terreno baldio  anúncios de novos calendários  destampam o tempo  folia furiosa antes que acabe o mundo antes que acabe o álcool  só o sistema não acaba  os olhos contemplam a contravenção  o colírio é álibi e cúmplice  m...

quatro poemas para copacabana

copacabana  copacabana 24 horas no fio da navalha  cinco dias-luz a conta-gotas  o apartamento é um cubo mágico à espera do próximo movimento  minha janela dilata visões confusas de um lugar solto no mundo  os ponteiros na parede giram alucinados por um pouco mais  eu preciso descer para alcançar  desver é uma tecla nula do painel  contatos mediados pelo interfone dos códigos  lá embaixo lavam a calçada com sal a encomenda nas mãos de um moleque de treze anos invisibiliza a pronta-entrega satisfação garantida ou sua grana devota  copacabana 24 hordas no balanço da maré  rolé van gogh sobe o cantagalo na esperança de que pinte alguma coisa  ele monta na garupa do Cão e lasca cores vivas nas autorrepresentações sem alma querem arrancar-lhe a orelha e enviá-la como prova do sequestro  vai grogue demais para cativeiros carentes de audácia  pega o caminho das ondas sinuosas que hablan español  vamos embarcar em el bar...

Mundo

I um dia direi aos filhos que não terei cheguem mais perto vovô vai contar uma história e mesmo com toda distração lá fora olharão com curiosidade minhas rugas à espera das palavras deste velho e direi a eles o mundo em 2019 estava estranho muito estranho caminhando pra trás amordaçado de olhos vendados em fila na direção do pior do abominável II a américa queria ser grande de novo não pela poesia de whitman  williams e ginsberg mas pelo ódio de quem perdeu seus escravos perdeu seu direito de assediar mulheres de importunar mulheres mulheres que gostam de mulheres melhores mulheres melhores amigas melhores histórias perdeu seu direito de espancar homens homens que gostam de homens amigos namorados pais filhos amantes a américa queria ser grande de novo e trumpeçava nas próprias escolhas III os latinos queimavam seus anos inteiros em dias tensos o chile ia às ruas acertar as contas com a história a venezuela respirava com ajuda de aparelhos e crendices a bolívia via a queda pela for...