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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Opinião de bosta

A RAUL, ELVIS & CASH aí vai uma pista a pessoa abre a boca como se estivesse no dentista  e isso pra quê? a pessoa abre a boca só pra aparecer apesar dos entretantos a pessoa abre a boca certa dos dentes brancos  como em outros incidentes a pessoa abre a boca mostrando todos os dentes olha ali uma cárie a pessoa abre a boca e arrota cada barbárie olha ali um dente podre a pessoa abre a boca  e não diz nada sobre  sente esse bafo a pessoa abre a boca e o fedor aumenta o sarrafo  sente o ponto de vista a pessoa abre a boca por favor, não insista  tem opinião que é de bosta tem opinião que é de bosta que é de bosta que é de bosta ed bosta ed bosta ed bosta  Dio

Mamilos

Mamilos Mamilos Mamilos Viva o poder dos mamilos  Mamilos censurados Cuidado Mamilos são perigosos  Mamilos Mamilos Mamilos Não se pode mostrar os mamilos  O jeito é falar dos mamilos Mamilos Mamilos Mamilos Revoltados Machofobicos Tarados  Mamilos Mamilos safados São todos culpados Mamilos Mamilos Mamilos O jeito é falar dos mamilos  Cuidado Mamilos revolucionários Querem dominar a internet Entrar nos seus lares Mamilos Deus nos livre dos mamilos Mas nos livre antes, Senhor, Dessa censura tosca!  Giglio

Poema da ABL

se eu fosse o tal  eu seria joão cabral se eu fosse bacana eu seria mário quintana se eu acertasse o tom eu seria carlos drummond se meu tom fosse acima eu seria jorge de lima se eu causasse algum espanto eu seria qorpo-santo  se eu fosse ilegal eu seria chacal se eu fosse totalmente demais eu seria tavinho paes se minha alma hoje grita é porque sou roberto piva com alguma brasilidade eu seria mário de andrade se eu fosse preto eu seria lima barreto se eu fosse culpado eu seria oswaldo se eu corresse riscos eu seria vinícius contra qualquer monopólio eu seria gregório se ser mulher fosse minha sina eu seria ana cristina se eu fosse jovem e um poeta completo eu seria torquato neto  se eu fosse um maço eu seria cacaso se eu fosse um whisky eu seria leminski e eu não teria medo com álvares de azevedo e pra onde que nós vamos meu augusto dos anjos?  se eu fosse um poeta, um poeta do bão eu seria waly salomão se na abl eu tivesse uma cadeira eu seria manuel bandeira Dio

Paraíso

quem nunca falou mal de adão que atire a primeira eva paraíso é para isso e vá fazer a coisa certa  o intolerante é intolerável nos livros do chomsky nos filmes da marvel o intolerante é intolerável se o solo é fértil e o coração, habitável o intolerante é intolerável a volta por cima vem do canto do ringue no cárcere de mandela no culto a stephen king a volta por cima vem do canto do ringue  se a reviravolta é surda analfabeta ou bilíngue a volta por cima vem do canto do ringue repetiremos mais por quantas vezes? no frame de spike lee na frase de ângela davis  repetiremos mais por quantas vezes? se todos os nossos erros ainda são aqueles repetiremos mais por quantas vezes? por essas e outras que eu ainda insisto de fernanda montenegro a conceição evaristo  por essas e outras que eu ainda insisto de tudo que tenho ouvido de tudo que tenho visto por essas e outras que eu ainda insisto quem nunca falou mal de adão que atire a primeira erva paraíso é para isso e vá fazer a coisa certa  Di

Partiu Marte?

partiu marte? aqui já deu a terra gira em torno do próprio arroto movimento arrotação do lado de cá nem os transsexuais são respeitados trans lá são e então partiu marte? a coisa tá chata achatada nós pólos meio omelete sem ovos mas ainda não é tarde partiu marte?  Dio

Laranja

eu tinha 17 anos de idade e minha intenção com sua filha era a pior possível  mãos dadas e juras de amor até o dia que lhe apresentei os canterbury tales de chaucer os canterbury tales que passolini contou  contos de fadas, fodas, furtos  pra nós que estamos fartos pra nós que estamos fritos pra nós que estamos férteis pra nós que estamos fetos  120 dias de sodoma num relance  líamos nossos corpos nus nos espelhos dos nossos olhos  o olho de bataille  eu flanava no cruzamento dos nossos poros  ela se prostituía por gramas de bukowski chupava a laranja da poesia  a criança de nabokov e o vagabundo das palavras  hades e caronte ainda nos esperam no consultório  não temos tempo pra pausas rasgos na estrada  banimento dos freios sirene com cola de sapateiro  corrupção de menor versos escritos na falta de ar hoje ela é um poema que voa sem autoria  Dio

Filho adotado

ainda de dentro do ônibus a primeira impressão não ficou tão pouco a rodoviária me adiantou o que viria foram apenas dez minutos de cidade pela janela do táxi quando finalmente meus pés se encontraram com teu chão, volta redonda,  já não sabíamos quem era o anfitrião e o convidado sem horário e lugar marcados eu vi tua cidade eu vi tua cidade de ruas lambidas, estreitas, amarelas eu vi muitos dos teus carros, alguns carnavalescos teus motoristas desfilando por uma nota dez eu vi tua cidade de trânsito respeitoso a caminho do colapso eu vi o vai-e-vem consumista jogar as âncoras por esses lados aportar, desembarcar, se infiltrar como se sempre estivesse aqui eu vi tua cidade de tempo próprio porque tudo parece ter seu tempo em volta redonda tua falta de pressa arrepia meus pentelhos mais calmos teu freio de mão puxado incita a besta dentro de mim  eu vi tua cidade-modelo escorregar na passarela e seguir adiante eu vi teu rosto, tua postura, teus passos, tuas expressões eu vi tua cidade

Eu mijarei na Vieira Souto

eu mijarei na vieira souto em frente à cobertura de algum global meu pau pra fora chamará mais atenção que a orla e enquanto ele assiste afoito ao não-convite do coito anal pensará que é teste do sofá ou coisa de gente do vidigal eu mijarei na vieira souto não porque sou mau mijarei porque mijar é preciso a direção, imprecisa não sabem vocês sempre reclamam de usar a privada depois da minha vez procurei por uma pra dar aquela aliviada e em suma nada  eu mijarei na vieira souto deixarei meu recado não será pouco meu recado mijado no pneu de um porsche um aviso no poste bebam sua água de coco eu mijarei na vieira souto Dio

A vida num gole

a vida num gole ela desce  esquenta a garganta abre o apetite dose cavalar de doze cavalos livres rompem o campo verde num verso de manoel de barros a vida num gole ela desce ao inferno de dante  bate e volta iô-iô divino chama-raul antropofágico expele o mal retém o cruel  a vida num gole ela desce 42 graus à sombra  tarde de verão febril  barris de choques-relâmpagos  artaud na corrente sanguínea  a vida num gole ela desce tremores de terra na mesa dos párias castradores não caminham nesse dna galão de revelações olhos na nuca pés pra dentro mãos de turbina  Dio

A koiza

não me chamaram pro sarau a koiza toda foi bem escondida a koiza koizada koiza a koiza koizada kozida  saí pela entrada entrei pela saída tipo fbi scotland yard cia fui até bem recebido pra quem não se queria  o século XIX veio falar comigo o XVIII e o XVIII acenaram de longe o XVI e o XV me olharam o século XX me ofereceu um lugar  o XXI disse que me ouviria uma hora dessas os poemas iam ao microfone os poetas eram eloquentes epifanias se o sarau fosse um bingo os karetas seriam kartelas vazias os malukos gritariam bingo! a cada verso anti-hipocrisia  os malukos gritariam bingo! e bingo seria! não me chamaram pro sarau outro desconvite palpite da elite calma não se irrite outro não repressão mundo cão então meu irmão lamba sabão outro sarau normal igual sem sal e tal e bláu e tchau Dio

A entidade que caminha sobre brasa

implodiram a torre o poeta acordou entre escombros tentou pegar na mão de Deus  não havia deus não havia mão não havia escombros torre implosão nada o poeta é o zero que se alimenta do negativo a novidade de muitos muitos anos mudam as peças e eu dou um bico no tabuleiro a entidade que caminha sobre brasa amordaçam livros nas vitrines  os de poesia estão virados pra parede repetindo cem vezes eu não vendo! eu não vendo! eu não vendo! a bunda limpa com os best-sellers acompanhados de um obrigado e volte sempre tão falsos quanto cursos oficinas palestras congressos escolas graduações especializações mestrados doutorados pós-docs  todos mais perdidos que ferreira gullar num baile funk na cidade de deus  mais perdidos que ariano suassuna num show de heavy metal na barra da tijuca mais perdidos que sonetistas empalhados xerocados grampeados encadernados  debatem-se como peixe fora d'água esquecido no fundo da mochila na mesa do escritório na prateleira do armário há muito poeta e pouca

A Cairo Trindade

a contragosto fui ao microfone eu precisava daquilo dessa coisa que até hoje não sei o nome ergueu-se um olhar curioso quando puxei o papel do bolso como quem puxa o coração lá do fundo do poço despejei um pouco de mim aos quatro ventos  e aquela mão no queixo  combinando com os olhos atentos  li meu poema parecia uma lista de problemas casos mal resolvidos o poeta levantou se não tivesse levantado como teria sido?  minhas mãos tremiam as quatro mãos vibravam não falavam  sentiam suavam eu esbarrava nós microfones provocava microfonia risos o que eu queria saía pelo avesso  comentários camuflados tropeçava nos fios emaranhados de todo começo vi tanta animação entre aplausos pálidos o que seriam o que são e a alegria incontida se tivesse contido como seria se no êxtase a alma acena a estar-se plena? eu desembarcava na zona sul - poesia à vista! - Cairo Trindade gritou a subida na ladeira dos reencontros e agora? por qual ladeira eu vou? a saudade ainda não bateu ela vai bater e direi qu

13

a terra completa sua décima terceira volta em torno do sol rodopia dias e noites sob a estrela maior fonte de vida astro rei deus pai - chame do que quiser - que desconhece quantos giros mais daremos  quantas vezes ainda nos verá acenando nosso amor ao infinito todo seu poder de fogo é insuficiente a lenha que temos pra queimar expande os quilômetros a seguir fazia universo abrir janelas eu ganho os céus e digo que te amo 4.745 vezes - ou quase isso - o amor que orbita nosso espaço aéreo conjunto decolamos e lá vamos novamente pega na minha mão porque tenho medo de altura pega na minha mão porque não temo que ela seja tua  Dio

8 ou 80

o primeiro foi engano o segundo, acidental o terceiro, pelo anseio o quarto não fez por mal o quinto, sem querer o sexto se assustou o sétimo errou a mira o oitavo também errou o nono nem queria o décimo desviou e mais dez mentiras e outras dez versões e mais dez menos vidas e outras dez sem corações e mais dez do comando e outras dez por precaução e mais dez vão atirando em nome do capitão Dio

Revide

                             p/ Moïse & Giglio não estou no alabama  bangu campo grande santa cruz não volto cem casas  incendiadas fuziladas invadidas  não silencio a impunidade grito cobro denuncio  ainda não apodreci veia salta sangue esquenta tempo fecha ainda não me amarraram árvore poste quiosque ainda não me espancaram segura bate mata linchadores de pobres têm nome assassinos de pretos têm sobrenome  autores blindados  refugiados perseguidos  castelos e pauladas  cordialidade e ódio não tenho vocação pra cristo só o revide salva  Dio